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sábado, 9 de outubro de 2010

Viagem dezembro/2009 e janeiro/2010

Saindo de Toledo-PR, indo à Curitiba-PR, Guaratuba-PR, Barra Velha-SC, Balneário Camboriu-SC (encontro de final de ano do G7), Gramado-RS, Rosário do Sul-RS, Santana do Livramento-RS, Colônia de Sacramento-UY, Termas de Arapey-UY,  Uruguaiana-RS, Farroupilha-RS, Rio do Sul-SC, Balneário Camboriu-SC, Guaratuba-PR, Toledo-PR.
Foram 41 dias de viagem de 04/dezembro à 13/janeiro,totalizando 6.030km !
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Nosso primeiro dia de viagem foi tranquilo, pouco movimento na BR-277, mas o “pesado” é o pedágio: com rodado duplo, nas 07 praças do caminho, pagamos o total de R$ 89,80. Claro, a rodovia é conservada (não está ótima, mas boa); tem postos de atendimento ao usuário, poucas obras; mas o valor é muito alto, em função da cobrança ser realizada por km (a cada 50km uma praça), e não por fluxo (pelo volume de veículos, como é na BR-101, sentido Florianópolis, onde pagamos R$ 2,20 em cada praça).
Geralmente pouco vamos para Curitiba, não pela desmotivação ou falta de interesse, mas, principalmente por causa deste alto valor do pedágio, que nos incentiva e leva quase sempre para Santa Catarina (Estado maravilhoso, com serras, praias, culturas, pessoas afáveis).
Contudo, desta vez, temos um bom motivo para ir à capital do Estado do PR: o Sr. Rui Biscaia doou para o nosso museu  uma antiga máquina de costurar e, precisava entregá-la logo, pois que estava ocupando espaço e ele iria viajar em breve. Combinamos com o Sr. Celso (camping e empresa Só Trailer) que iríamos ficar lá, e se o sr. Rui poderia entregar a máquina no camping. Com tudo acertado, estacionamos no camping e já soubemos que a máquina nos esperava. Mal sabia ela que faria tantos e tantos km de viagem, indo até para o exterior, antes de chegar em sua nova casa.
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O camping Só Trailer (do Sr. Celso) possui instalações para atender aos campistas: estacionamento seguro, churrasqueira, sanitários, água, energia elétrica e esgoto, tranquilidade, próximo de comércio básico e de ponto de ônibus para ir para o centro (leva-se cerca de 20-30 minutos, dependendo do horário e condições do trânsito). Geralmente tem vários mhome estacionados, mas os proprietários vem apenas nos finais de semana (residem na cidade ou não tem onde guardar os mhomes). Apesar de parecer estar quase lotado, estávamos apenas em 03 famílias no camping.
Nos 02 dias seguintes, fizemos as “coisas” de Curitiba: lojas de peças e exposição de automóveis antigos, lojas de artesanato, Confeitaria das Famílias, sebo de livros, shopping, fotografamos prédios. Para nossa sorte, neste final de semana havia apresentação do coral de crianças no Palácio Avenida, como há vários anos queremos ver e, ou não conseguimos estar aqui ou chove, hoje nós vamos!
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O show começa pontualmente as 20:30h, com cores e luzes na fachada, as crianças cantando e as janelas se abrindo. Este ano o tema do show era “Diferentes Natais pelo Mundo”. Mudam de figurinos e cenários, trajes típicos dos países, história sendo contada pela atriz Angela Vieira.   ( http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/411900/?noticia= O+NATAL+PELO+MUNDO+NO+PALACIO+AVENIDA  ).
Não há como não se emocionar: as crianças cantando, músicas que lembram nossa infância, que, se fecharmos os olhos, veremos a cena de família reunida numa mesa de Natal. Quando você já se emocionou (para não falar chorou de emoção) no começo quando as janelas se abriram; lá pelo meio do show quando a história ficou mais fascinante; e no final, aparecem as crianças vestidas de personagens do presépio cantando “Noite Feliz”, os fogos de artifício encerram a apresentação, no ritmo da música. Você se sente criança de novo…
No domingo, fomos passear na feira do Largo da Ordem. Não há muitas antiguidades, mas artesanato de todo o tipo: blusas, vestidos, camisetas, flores em madeira, roupas de bebê, toalhas, tricô e crochê, brinquedos, peças de decoração, dentre tantos outros. Vimos alguns carros antigos (que se reunem todos os domingos na feira); compramos camisetas de fusca e de Curitiba.
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Decidimos por sair da cidade ainda no domingo, para evitar o trânsito pesado que tem durante a semana. Depois de errarmos um pouco a saída, conseguimos seguir para Guaratuba-PR, onde ficamos no camping da AVM. Estávamos  nós e 02 barracas com famílias.
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Ficamos uns 03 dias em Guaratuba-PR, passeando na praia, na cidade, fazendo lanche na Padaria Smanioto, almoçando no Casa Rosada (por kg). Não deu para aproveitar muito, chovia ou garoava, e pouco abriu o sol. Mas descansamos, lemos, tentamos em vão descobrir um barulhinho no mhome que nos incomodava em viagem.  Talvez um grilo, que nos abandonou no próximo trecho.
Na quarta-feira, saímos de Guaratuba-PR e seguimos para Barra Velha-SC, visitar nossos amigos Luiz e Tina (Rodamundo e G7). Estavam trabalhando muito (eles tem um serviço de guincho). Para não atrapalharmos, fomos passear na cidade e na praia, e combinamos de voltar à tardinha.
Barra Velha-SC é uma cidade bem bonitinha, estacionamos em frente ao mar, fotografamos as pedras, caminhamos. Fomos até perto da ponte pênsil, subimos no morro do Cristo. No fim da tarde, quando voltamos à casa do Luiz e da Tina,  nos levaram passear pela rodovia beira-mar até Piçarras. As prais são bonitas, mas a exploração imobiliária já está penalizando um pouco a tranquilidade do local. Nos levaram também a um posto de combustível (Parada Ferretti), que tem vários lindos trabalhos  em madeira. No entanto,  não permitem a entrada de veículos grandes (ônibus, caminhão, mhome). É preciso estacionar fora do posto e ir a pé.
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No dia seguinte, seguimos viagem, nosso destino é Balneário Camboriu-SC, onde tivemos o encontro de final de ano do G7. Em tempo: G7 é um grupo de amigos, proprietários de mhome com comprimento até 7 metros, que obrigatoriamente fazem parte do Rodamundo, aceitos pelos membros do nosso pequeno grupo. Todos os integrantes são pessoas maravilhosas, verdadeiros irmãos, que não se escolheram por obrigação, mas pela satisfação e livre vontade de estarem juntos. Cada um, em sua formação ou conhecimento (caminhoneiros, padeiros, professores, engenheiros, vendedores,..), traz sua sabedoria e boa conversa, para aumentar ainda mais nossa integração.
Em Balneário Camboriu-SC, nosso encontro foi no camping VIP (do Sérgio, da Revista Motorhome). Fica em frente à marina, num local tranquilo, próximo de comércio e do parque Unipraias. Passamos dias muito agradáveis por lá, passeamos na cidade (atravessa-se o rio Camboriu com uma balsinha), passeamos de ônibus turismo. A cidade cresce verticalmente, com muitos prédios ainda em obras.
Ainda no camping, com prévia combinação, o Sérgio ofereceu um jantar aos integrantes do encontro. Mas tínhamos que comer pouco, afinal nosso almoço seguinte seria Marreco Recheado !  Sim, mas não pensem que ficamos cozinhando à noite, nosso estimado (e cozinheiro oficial) o “mestre” Heinz, assou os marrecos em sua padaria (Rio do Sul/SC) e trouxe prontos. Ficamos apenas com a parte fácil: descascar e cozinhar batatas, cortar e cozinhar repolho roxo, fazer mais algumas saladas, e claro, destrinchar os marrecos (para caber nos fornos dos mhome para um aquecimento).
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No domingo, lindo dia de céu azul e sol. Saímos do camping Vip, seguimos pela rodovia Interpraias, e vimos belíssimas paisagens. Nosso destino hoje é Lages-SC e depois Gramado-RS.
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Alguns detalhes marcam a viagem, como as passagens inusitadas: Na Br-116, depois de Lages-SC, eu peguei a direção, para dirigir até Vacaria-RS, já que a estrada estava livre, não há muita serra, e estávamos ligados no rádio PX, canal 05, (dos caminhoneiros), para ouvir qualquer notícia ou problema na rodovia. Como estava ventando muito, coloquei um lenço na cabeça (para controlar os cabelos…). Dirigindo, conversando, ouvindo o PX; lá pelas tantas, numa fila de caminhões e carretas em sentido contrário, todos os motoristas conversando via rádio, e um deles diz: “Olha lá, olha lá, vocês viram? Tem uma loira dirigindo uma sprinti !; uma sprinti branca, você viu?”. Aí rimos  bastante, primeiro por que não era uma loira (era eu com lenço na cabeça), e depois não era uma Sprinti (Sprinter), mas um Iveco!. Mas estas histórias nos alegram e fazem a diferença em  momentos monótonos.
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Em Gramado-RS, estacionamos no camping (ao lado da AABB), um lugar bem agradável. O camping sempre é tranquilo e silencioso, muitas pessoas residem nele, em seus “trailers fixos” transformados em verdadeiras casas de serra (com lareira e tudo o mais). E neste momento, com tudo instalado e funcionando, ficamos definitivamente convencidos da máxima que temos observado já há algum tempo: quando você planeja fazer alguma coisa ou ir para algum lugar e uma coisa não dá certo, a segunda não dá certo, a terceira coisa dá errado… então desista, não era para dar certo por algum motivo, que somente Alguém maior que nós sabe. E com certeza, Ele preparou algo bem melhor.
Para exemplificar: estávamos descendo a serra, e gostaríamos de seguir direto para Montenegro-RS, para adiantar a viagem até  a fronteira com o Uruguai. Mas estávamos com muita roupa suja (10 dias viajando), pensamos em ir na LavLev em Caxias do Sul-RS, afinal em 1h:30minutos estaria tudo pronto. Chegando lá, a primeira barreira foi o trânsito, todos os proprietários e acompanhantes de mhome sabem da dificuldade de circular em cidade grande em horário de pico (perto do almoço). Bem, encontrando a lavanderia (Ufa!), descobrimos o segundo impedimento: somente poderiam lavar no dia seguinte. Bom, então, vamos adiante, talvez em Nova Petrópolis tenha alguma lavanderia que faça de este serviço. Ao menos lá é mais fácil de encontrar lugar para pernoitar. Mas em Nova Petrópolis-RS, aconteceu a terceira coisa errada: todas as pessoas que falamos ou perguntamos resolveram atender mal e a lavanderia não lava de um dia para outro.  A decisão então foi ir para Gramado-RS, ficar no camping e lavar lá. Mas  (aí começam os acontecimentos positivos), erramos a entrada e passamos pelos fundos da Catedral, onde por sorte vimos a Lavanderia Siri: lava, passa e melhor: entrega no camping!
A partir daí tudo só positivo: o local no camping é agradável, um banho maravilhoso, friozinho com bom vinho, chegaram os amigos Rui e Marlene Engelman (de Novo Hamburgo-RS, com sua Safari); conseguimos ingressos para o show de Som e Luz (Nativitaten) no lago Joaquina Rita Bier, os ônibus urbanos pontuais. Tudo ótimo.   Gramado estava preparada para o Natal (como todos os anos): árvores na rua, renas enfeitadas, luzes, piscas, pessoas gentís, guloseimas, chocolates,…
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No Nativitaten, o horário de início é 21:30h, chegamos com uma hora de antecedência para não pegarmos muito tumulto ou trânsito. Ficamos numa arquibancada bem alta, e eu com meu medo de altura, nem conseguia me mexer direito, as pernas ficaram rígidas… Quando o espetáculo começou, consegui me concentrar nas músicas, nos fogos de artifício, nas luzes, nos efeitos da água e do fogo (sim fogo, de forma segura, providenciado por um caminhão da Liquigás).  É um espetáculo deslumbrante, a combinação de elementos, o coral de 100 vozes além dos 06 tenores.  Contam em forma de ópera, desde a criação do mundo até o nascimento de Jesus. E um pouco antes do Noite Feliz, a platéia foi acendendo as velas (recebidas na entrada do show), e tudo no escuro apenas com as luzes das velas. É mágico, místico, diferente, emocionante e, por vezes causa até um certo medo, com tantos fogos de artifício explodindo tão perto.   Depois de assistir ao espetáculo, compreende-se o motivo dele ser limitado à maiores de 10 anos. Muitas crianças de colo não tem noção, assim como outras pessoas  com dificuldade de assimilação e interpretação.   (http://www.gramado.onde.ir/a-cidade/natal-luz-gramado/item/2239-nativitaten)
Uns 03 dias em Gramado-RS, e seguimos nossa viagem para Santana do Livramento-RS, fronteira com Uruguai. Seguimos pela BR-116, depois pela BR-287 (Santa Cruz do Sul e Santa Maria), BR-158 e chegamos em Rosário do Sul-RS já começando a anoitecer, e decidimos por pernoitar ali. Enquanto fazíamos um lanche, olhávamos o mapa, as distâncias e optamos por ficar na cidade até o horário bancário, para fazer a Carta Verde.
Pela manhã, vimos vários prédios antigos em Rosário do Sul, visitamos o museu municipal, onde nos indicaram o sr. Solon, que também tem um museu particular (estava fechado para reforma). Fomos aos bancos conferir contas e pagar a Carta Verde no Banco do Brasil , (R$ 146,00 para 15 dias). Almoçamos na Churrascaria Rodeio (por kg) – não tem placa ou indicativo, mas é uma casa grande de pedra na entrada da cidade. Seguimos viagem pela BR-158, rodovia plana, retas, sem trânsito.
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Pois que aconteceu outro fato inusitado: como há uns 2-3 dias estávamos ouvindo um barulho estranho embaixo do mhome, decidimos colocá-lo numa rampa de posto de combustível, para podermos olhar e tentar descobrir o que era.  Pouco antes de entrar no Uruguai (Santana do Livramento-RS),  encontramos um posto com rampa suficiente para mhome. Eu permaneci dentro, organizando as coisas para a aduana, e o Darlou (Dan) foi embaixo do mhome.
Logo ele me chamou: “olha aqui, tem um gato!”  Eu rapidamente respondi: “gato? mas como? onde?”. O gato estava no espaço restrito em cima do tanque de combustível, e pela aparência (faminta, assutada e desesperada), ele deveria estar ali desde nossa última grande parada, ou seja, Gramado! Conseguimos retirá-lo de lá. Colocamos o bichano num gramado, quase desmaiado..   Imaginem, se na aduana uruguaia, o fiscal vistoriasse o mhome e encontrasse o gato escondido debaixo!  Não haveira explicação convincente…
Entramos no Uruguai, até aqui já rodados 2.223km em 15 dias. Estacionamos no balneário Iporá, na cidade de Tacuarembó-UY. O parque é bastante amplo, um pouco longe da cidade, mas com lago  e árvores lindas, um bom espaço para caminhada e camping. Tudo tranquilo, conseguimos luz e água. Mas, pelas 21h, estacionou um automóvel uruguaio, com uns 5 rapazes dentro, abriram o porta-malas e tiraram “1/4 de boi”. Acenderam o fogo e começaram a assar. Não tinha som / música, mas conversavam bastante alto, e assim foram até as 4:30h da madrugada… Saímos pelas 6:30h, não conseguíamos dormir mesmo… Esperamos que este seja um fato isolado, e que os uruguaios não estejam sendo “contaminados” pelos barulhentos brasileiros…
117 Taquarem 119 Taquarem
Seguimos pela ruta 5, nossa meta no Uruguai é ir até Colonia del Sacramento, que ainda não conhecíamos. Passamos por várias cidades (Durazno, Trinidad, Cardona, Balneário Santa Ana). Em quase todas as cidades há campings ou lugares para acampar. No entanto, em decorrência das chuvas que  castigaram o Uruguai há quase 01 mês, a maioria destes locais está desativado (foram ou estão alagados). Portanto, não tivemos muita escolha de onde acampar desta vez. E neste primeiro dia de Uruguai, estávamos acompanhando no horizonte uma tempestade, e antes da cidade de Rosario, ela nos encontrou.  Mas para nossa sorte, foi apenas uma pontinha. Muito vento (observem na foto a inclinação das árvores), por vários minutos, galhos caídos, e depois chuva, muita chuva.
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Após acalmar um pouco o vento e a chuva, seguimos viagem, tentando encontrar um local para pernoitar. Depois de várias tentativas frustradas, encontramos a última chance: Estancia Arenas, na ruta 1, cerca de 20km antes de Colonia del Sacramento. O proprietário da estancia, sr. Emilio Arenas, possui um museu, e nele várias coleções. Dentre elas, a de lápis, com mais de 30 mil peças e registrada no Guiness Book. Tem ainda coleção de chaveiros, cartões de telefone, vidros de perfume, latas, canecas. O local produz geléias, doces, queijos, deliciosos.  
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No outro dia, seguimos para Colonia del Sacramento. Estacionamos perto da antiga porta de entrada. Casas e prédios lindos, preservados, tudo limpo e arrumado. Restaurantes, antiquários, claro que tudo com seu preço majorado. Caminhamos na rambla do clube náutico, com diversos veleiros estrangeiros ancorados.
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Pensamos em ir até Buenos Aires com o Buquebus, mas as incompatíveis informações de horários (de ida e volta) e de valores não foram confiáveis. Talvez por que não devêssemos fazer esta viagem naquela ocasião, decidimos por continuar nosso passeio no Uruguai. Procuramos o camping, mas como outros tantos, estava desativado em função das chuvas, não havia local para estacionarmos o mhome. Fomos a um supermercado (abastecer a dispensa) e seguimos pela ruta 21, até Nueva Palmira. A estrada é bonita, com plantações de frutas (em especial durazneros), parreiras, pasto, árvores antigas.
Em Carmelo tentamos acampar, mas novamente camping com muitos problemas consequentes dos alagamentos. Fizemos um lanche e seguimos. Em Nueva Palmira procuramos o camping náutico (constava no mapa), o encontramos, mas não havia energia elétrica disponível, e nossas baterias não estavam 100% para usarmos apenas o inversor. Depois de muito perguntar, caminhar, encontrar as tomadas na altura para os barcos (mas fechadas à chave), ir até a prefeitura (local que administra o porto)… um prestimoso argentino (isto, gentil argentino), que estava com um veleiro, demonstrou “compaixão” e permitiu que ligássemos nossa extensão dentro do seu barco. Nos avisou que sairia às 04 da manhã, então até lá poderíamos usar.   Não dormimos muito bem, preocupados com a saída do nosso “ponto de luz”, o que nos faria levantar, recolher o cabo, ligar o motor e o inversor. Mas foi uma noite bem silenciosa.
Das curiosidades do Uruguai: as pontes, em muitas vezes, permitem a passagem de apenas um sentido por vez, e a preferência de passagem é de quem está indo para Montevideu. Mesmo que você tenha chegado antes, se você está indo em direção ao norte (fornteira com o Brasil),  deve dar passagem ao carro que está indo à capital (Sul).
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Antes das 7 da manhã saímos do “camping”, paramos em Dolores, cidade também antiga mas parece abandonada (mal cuidada, suja). Fizemos câmbio melhor que os anteriores: P$10,50 por R$ 1,00. Continuamos pela ruta 21 até Mercedes. A cidade é maior, com uma linda catedral, comércio ativo. Acessamos internet wi-fi na praça!
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Novamente, tentamos o camping municipal, que ainda estava com 1,5m de altura de água! (na foto, ao fundo do curioso mhome, era a área de camping).  A chuva realmente fez estragos, observa-se na foto tirada de cima da ponte.  Informaram que talvez o camping em Fray Bentos estivesse em uso, porque fica longe do rio.
201 Mercedes alterado  204 Mercedes 
Em Fray Bentos, procuramos o balneário Las Cañas. Bastante amplo, várias áreas de camping, bungalows, hotel, comércio local. Ainda não está 100% funcionando, não houve alagamento mas a chuva danificou algumas instalações. Estacionamos onde o solo estava menos encharcado. Lanchamos e descansamos. À tarde passeamos na cidade (com o mhome), prédios lindos, cidade mais movimentada. Achamos lavandeira (tinturería; bem no centro, ao lado da praça). Passeamos pela longa rambla, mas não conseguimos fazer a volta completa: há uma ponte limitadora de peso e altura. O guarda nos permitiu fotografar à frente dos limitadores. Tivemos que voltar pelo mesmo caminho…
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A cidade de Fray Bentos vive um problema econômico internacional. Explico: uma papeleira multinacional (indústria de papel), iria se instalar na Argentina, do outro lado do rio. O governo uruguaio fez uma proposta melhor (como doação de área ou redução de impostos), e a indústria se instalou em solo uruguaio, gerando empregos e renda. A Argentina, não gostando desta atitude, inundou a imprensa internacional com a notícia de que uma empresa iria se instalar e poluir o Rio de la Plata.
Obviamente, caso se instalasse em solo argentino, geraria a mesma suposta poluição. E, como indiscernida represália, bloqueou a ponte, impedindo toda e qualquer passagem. Para fazer a travessia, deve-se deslocar para Paysandu ou Salto, ou ainda Colonia del Sacramento (via fluvial).   Decisão destituida de bom senso ou razão. 
Muito calor, as nuvens começavam a se agrupar novamente. Fomos para Paysandu, fizemos compras num supermercado grande, câmbio P$ 10,20 por R$ 1,00. Decidimos por conhecer e ficar uns dias nas termas de Almirón, cerca de 90km distante de Paysandu. A estrada é boa no começo do trecho, mas depois os buracos aumentam. O local é grande, árvores, gramado, bungalows.   Novamente, o problema da chuva: a maioria dos espaços próximos ao rio estão alagados e, como a previsão é de mais chuva, optamos por ficar próximos à piscina coberta e sanitários. Havia apenas mais 02 barracas acampadas.
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As águas das termas são diferentes, pois além de quentes são salgadas. Faz um bem para a alma…  Mas depois é preciso tomar um bom banho (que não há junto à piscina), para a pele não ficar seca demais. Talvez por causa das chuvas, ou se ainda não havia começado a temporada, apenas uma das piscinas externas estava cheia, a lanchonete e o mercadinho  fechados. A cidade próxima fica a uns 10 a 15km, e os ônibus para lá não são frequentes.
Descansamos, lemos, caminhamos, aproveitamos as piscinas. Uma noite, ouvimos a chuva caindo no teto, bem leve, mas durante toda a noite . E para quem gosta, aquele barulhinho da chuva caindo, dá uma sensação de relaxamento, de bem-estar.  Mas na manhã seguinte, quando levantamos, Darlou me chamou para ver para fora do mhome, e claro, tiramos uma foto:  tal num barco, estávamos ilhados… uns 10cm de água para todo lado. Logo a chuva parou e depois de umas duas horas já podíamos descer do carro.   À tarde, fomos caminhar perto do rio e, onde ontem dava para atravessar a pé por uma calçada, hoje a água cobre.  
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Ficamos uns três dias e, na véspera de Natal decidimos por sair, nossa dispensa já estava vazia. Fizemos algumas compras para a ceia em Paysandu e rumamos para as termas de Guaviju. Claro que pegamos mais uma tempestade no caminho. Choveu desde a saída de Almirón até a chegada em Guaviju.
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Caminhamos um pouco pela área de camping e, o que estava próximo ao rio, agora embaixo d’água. Como não se consegue acessar muitos lugares, os locais altos e mais secos estão disputados. Conseguimos estacionar perto de outro Iveco, uruguaio, do Sr. Oscar e esposa; que fez e nos presenteou com um pudín (bolo) gostoso.    Descobrimos que há uma piscina coberta, uma maravilha, enorme. Ficamos um tempo “relaxando” na água.      No começo da noite, voltamos para o mhome e faltou energia elétrica, pois alguém sobrecarregou a rede. Fizemos nossa ceia com frango, farofa, salada e, claro, uma champanhe, além de  boa sobremesa.
Feliz Natal!  O dia amanheceu ensolarado, com céu azul. Aproveitamos para colocar toalhas e calçados para secar. Dei uma limpada e arejada no mhome e o Darlou foi cuidar dos baús. Um tempo depois, ele veio me chamar para irmos passear. Então conhecemos o sr. Carlos Rossin, estava com um Ford A 1929, perfeito, original, e nos convidou para ir à sua casa ver as antiguidades. Sim, nos levou no antigo automóvel, com volante de direção direito! Foi um presente de natal maravilhoso, para duas “crianças” que gostam de carros antigos.O sr. Carlos tem várias peças raras, como livros, acessórios para os Ford A e T, rádios, e várias outras peças.
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O sr. Carlos, o sr. Oscar, o argentino (que ligou nosso mhome em seu barco), e tantos outros que encontramos nesta e noutras viagens; nos fazem acreditar que existe uma Força maior, um destino, uma ligação cósmica que, em algum momento, faz as pessoas com afinidades semelhantes se encontrarem. Se pensarmos sob a doutrina do espiritismo, podemos dizer que conhecemos estas pessoas há muitos anos ou séculos até. Fomos parentes ou amigos, e isto rompeu a barreira do tempo e espaço e, estando agora neste novo corpo, nos encontramos e temos a saudosa sensação de que nos conhecemos e não nos víamos a muito tempo.    Se analisarmos sob outro aspecto, o Grande Arquiteto do Universo, que nos orienta todos os momentos da vida, queria que nos conhecessemos, então preparou tudo no exato momento para que isto acontecesse. Ou, numa concepção mais terrena: porque demonstramos ser pessoas sérias, de caráter retilíneo, regradas, confiáveis e verdadeiras. E estas caracterísiticas emanam uma energia, cuja frequência nos conecta e atrai  pessoas com propriedades afins.
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Nosso dia de Natal continou bom: fomos na piscina coberta, pois as abertas estavam lotadas. Durante a noite vários barulhos (som, conversas, batuques), e pela manhã optamos por seguir adiante, até Salto, ficar nas termas de Dayman. O camping estava tranquilo, poucos acampados, mas muitas pessoas estavam demarcando seus lugares ou armando as barracas para o reveillon.  No dia seguinte fomos à Salto de ônibus, passeamos na cidade, visitamos museu, igreja. Almoçamos na Pizza Trouville, um petit entrecot con guarnición e uma cerveja Zillertal. Tudo uma delícia. E para os que acham que é caro, tudo custou o equivalente a R$ 23,00; sempre atentos para pedir 01 refeição/porção apenas, porque são fartas.
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Caminhamos, fotografamos, voltamos para o camping (La Posta del Dayman). Usamos a piscina do camping; passeamos ao redor do parque aquático, visitamos a feirinha.  Decidimos por sair no dia seguinte, indo para Termas de Arapey. Calor, muito calor e por vezes chuva.
Em Arapey, estacionamos num bom local e, apesar da área de camping ser grande, estava ficando lotada. Tinha uns 3 mhomes brasileiros (alguns saindo outros chegando). Fomos nas piscinas, caminhamos, colocamos a casa “em dia”, faxinando, arrumando, organizando. Dois motoqueiros de São Paulo estacionaram ao nosso lado, com barracas, para passar a noite. Nos disseram que estava indo para Buenos Aires, ver a largada do rally Dackar. 
No dia seguinte, descobrimos que a lavanderia dos hotéis e bungalows também aceitam roupas “de fora”. Foi nossa salvação pois que há vários dias não lavávamos e nem havia sol para secar.  No almoço, encomendamos um peixe no restaurante Paradise, e eles entregaram no mhome, pontualmente!  Uma delícia. Piscinas, caminhadas, olhar a natureza.  Em Arapey a chuva não fez estragos, pois o rio está bastante longe da área do camping e das piscinas. Cada dia mais perto do Ano Novo, cada dia mais gente no camping.  Ao nosso lado instalou-se um mhome estilo uruguaio (excêntrico), mas era brasileiro! Havia umas 15 pessoas nele.
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Nossa ceia de Ano Novo no Restaurante Paradise não foi um “espetáculo”, pois demoraram  para servir (apenas 3 garçons para muitas mesas), a música horrível e alto volume, …  Mas quero acreditar que isto aconteceu por motivos somados e que hoje não nos atentamos:  quando 3 coisas não dão certo, desista, pois não era para dar certo. Lembram? expliquei um pouco antes. Quando voltávamos para o mhome, vimos aquela linda flor de cacto novamente. Desta vez a fotografamos.  Esperamos a virada de ano no mhome, tomamos nosso champagne Concha y Toro, vimos os fogos.  Preparamos nosso “espírito” pois a noite prometia ser barulhenta, e precisávamos dormir pois teríamos que sair no dia seguinte (fim da vigência de nossa Carta Verde).
Feliz Ano Novo! Que 2010 seja um ano repleto de alegrias e boas viagens, tal uma linda e florida rodovia, para felizes e memoráveis encontros.
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No dia 01/janeiro, seguimos pela ruta 3, até a fronteira com o Brasil. Foram 1.515km rodados só no Uruguai. No Brasil, seguimos pela BR-290 (Alegrete, Rosário do Sul), e depois pela BR-158, chegando em Santa Maria-RS já à noitinha. Decidimos por estacionar e passar a noite. Afinal, antes de escurecer é mais fácil de encontrar um bom estacionamento, e que seja de fácil “escape”, se necessário.
No dia seguinte, continuamos viagem, pois nossa intenção era ir para o litoral de Santa Catarina, rever os amigos do G7, o que demandaria uns  2 a 3 dias para chegar lá.  Num posto de Informações turísticas  indicaram a cidade de Marques de Souza-RS (cidade dos campings), mas achamos que ficaria fora de mão para nós (nem sabíamos o que o futuro nos reservava…).   Seguimos pela BR-287, e ao final do dia chegamos em Westfalia-RS. Uma cidade pequenina, mas com pessoas muito amáveis. Passamos a noite lá.
Novo dia: Garibaldi-RS. Passeamos pela cidade, fotografamos, museu, igreja, vinícola Garibaldi (onde compramos ótimos vinhos e espumantes), onde nos indicaram um local para pernoitarmos: clube SUSFA , na estrada de Bento Gonçalves para Farroupilha, em frente ao Hotel Farina.  É um local bem agradável, com um riacho limpinho, bom de colocar os pés num dia quente. O Sr. Flávio é o ecônomo, gentilmente nos indicou um bom local de estacionamento.
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A noite, novamente choveu e, soubemos que em Caxias do Sul (nossa previsão inicial de pernoite), foi mais forte e causou  estragos.  Pela manhã a chuva continuou, seguimos pela BR-116, depois pela BR-282, chuva contínua, e chegamos em Rio do Sul-SC, onde pernoitamos na frente da casa do nosso amigo Heinz. 
Colocamos as conversas em dia, ligamos para alguns amigos, e optamos por ir à Balneário Camboriu-SC, no camping Vip novamente.  Mas neste começo de janeiro, é quase impraticável: muita gente, os ônibus demoram quase 2 horas para ir ao centro, em função do trânsito congestionado. O ônibus turismo, que em dezembro usamos e fez o percurso em menos de 1 hora, agora leva mais de 2 horas, só do centro até o parque Unipraias (ponto final).
No horário do almoço, assistimos ao noticiário na TV, e seria um ato comum, se não tivéssemos visto a tragédia sobre a queda da ponte em Agudo-RS sobre o rio Jacuí. A ponte havia caído no dia anterior (05/01/2010), haviam 07 desaparecidos, alguns feridos. Peguei o mapa e veio a triste ou feliz (nem sei ao certo) confirmação: foi a ponte por onde passamos há apenas 03 dias… Poderíamos nós estar em cima da ponte !.   E para comprovar Sua sabedoria, a seguinte notícia dizia que Marques de Souza havia sido atingida por uma forte tempestade, e que os campings e campistas que lá estava, haviam sido afetados. Quase que estávamos lá!    Mais duas vezes o Ser Supremo nos guiou, nos mostrou os caminhos, locais, dias e horas certos para viajarmos e estarmos.  
Ficamos mais uns 03 dias em Baln. Camboriu-SC, o tempo não queria firmar, ora garoa, ora um mormaço e depois chove. Perto de nós estacionou um caminhão mhome (tração total), adaptado para andar em qualquer terreno. Ideal para um grande amigo nosso lá de Toledo (Sérgio de Cézaro).
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Como o tempo não queria se decidir, nós optamos por seguir viagem, fomos para Itapoá-SC, para conhecer a cidade. Depois fomos para Guaratuba-PR, no camping da AVM.  Ficamos 02 dias e continuou calor, garoa, vento,chuva, mormaço, garoa…  Mas não impediu de passear: íamos na praia com guarda-chuva, ou para o centro com o mhome. Claro que a cidade estava tão movimentada quanto Baln. Camboriu.
Nos dias 12 e 13 de janeiro, fizemos  a viagem de volta para casa, sob chuva (constante) e neblina (às vezes), reduzindo a velocidade em praticamente todo o trajeto.
Apesar de vários acontecimentos ruins (enchentes no Uruguai, ponte caindo, coisas simples dando errado), foi uma boa viagem, de aprendizado e crescimento interior e com o próximo.  Espero que o Grande Arquiteto do Universo continue nos guiando nas estradas e caminhos, aos lugares e pessoas.  Que este ano seja maravilhoso, e que reencontremos todos os que nos querem bem e os que nós queremos bem.   Até a próxima…
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Um comentário:

Ezequiel Neto disse...

Amigos, vendo o relato de vocês neste Blog lembrei das minhas viagens (12) ao Uruguai no meu Motorhome, o "Azulão", um MB 362 Monobloco feito em casa aqui em Brasilia. Sentí saudade dos lindos lugares como Termas de Arapey, Fray Bentos, Colonia del Sacramento e tantos outros. Parabéns pelo Blog e pela excelente narrativa que, por certo, ajudará muitos viajantes como nós. Um abraço. Ezequiel Neto